sábado, 6 de agosto de 2011

Quando torcer perde o sentido

Todos que me conhecem sabem que eu detesto jogar futebol – talvez um trauma das aulas obrigatórias “rola bola” de Educação Física na escola – mas gosto de assistir (sim, uma estranha equação). Tenho o meu time de coração – que EU ESCOLHI – e adoro as emoções da Copa do Mundo. Entretanto, nunca perdi meu sono por conta de um jogo de futebol, e é aí que vou concentrar a discussão deste post.
Assistindo televisão ou navegando na internet, são inúmeros os depoimentos de pessoas que se dizem “loucas” ou “vivem” pelo seu time de futebol. Concordo com elas, pois só sendo maluco mesmo para vincular sua vida a um esporte a tal ponto de sair pintando a casa com as cores do time ou inventando nomes ridículos para os seus filhos por conta de ídolos que nem sequer sabem da sua existência. Acabei de ver na tv um depoimento de um senhor dizendo que, depois de ver o seu time com estádio, poderá morrer. Como assim? Que coisa ridícula!
Esporte é entretenimento. Quando esse objetivo se perde é que surgem as notícias de violência nos estádios, violência doméstica, gente perdendo o emprego para assistir a um jogo, deixando de sair com os amigos por conta de uma final qualquer, agredindo pessoas verbal, moral ou fisicamente por conta do seu time, entre outros casos absurdos e patéticos que vemos todos os dias na mídia e, o pior, pessoalmente.
Considerar todo torcedor do Corinthians bandido, do Flamengo analfabeto-favelado e do São Paulo homossexual são apenas alguns exemplos. Em todos os casos, o objetivo é tornar a pessoa “menos digna” por conta de um time. Ao chamar alguém de bandido, atrela-se o caráter da pessoa ao seu time como se fosse algo genético. A questão do analfabetismo é tão séria na história do Brasil que a pecha de “analfabeto” passa a ser sinônimo de indignidade perante a sociedade. O homossexualismo dispensa comentários, ainda mais no contexto do futebol, um esporte “de machos para machos”. Os três casos refletem o quão preconceituosa e machista a sociedade brasileira é. Sob a desculpa da “descontração” e do jeito “brincalhão” do brasileiro, as novas gerações perpetuam os preconceitos e valores equivocados.
É claro que os veículos da mídia valorizam o futebol. Ganham dinheiro com isso. Vendem imagens que passam a ser perseguidas por garotos e garotas. Fazem muitos meninos trocarem os estudos pelo sonho do glamour de uma vida de astro de futebol – coisa mais difícil que ganhar na loteria. Muitas meninas passam a se preparar para engravidar de um desses astros e “garantir o futuro” – coisa não tão difícil quanto virar um astro. É uma deturpação tão grande que me entristece profundamente, pois considero a educação como meio de transformação. Não tiro o mérito do esporte como grande catalisador de talentos. Apenas não compreendo como o caráter excludente do binômio esporte-educação é tão difundido pelos péssimos exemplos que temos com os astros do futebol.
Afirmo mais uma vez que gosto de futebol, mas não jogo. Não sei todos os termos. Não sei a escalação completa do meu time. Entendo que quem tem que saber tudo isso são os comentaristas, que vivem disso. Conversa sobre jogo pra mim não pode passar de 5 minutos (ô coisa chaaaaaaaata). Tenho o meu time, torço, me alegro quando ganha, me chateio quando perde, mas nada se altera na minha vida em função de vitórias ou derrotas de um time de futebol. Graças a Deus...

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