sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Professor merece respeito!


É interessante observarmos o quanto são incoerentes os discursos sobre o valor da Educação. É muito bonito dizer que “o mais importante é a Educação”, que “sem Educação não há desenvolvimento”, que “o magistério é o mais nobre dos ofícios”, dentre tantos outros que, na verdade, ficam apenas nas palavras e estas, como costumam dizer os árabes, acabam por ser “jogadas ao vento”. E não adianta dizer que essa é uma característica exclusiva dos políticos, cujos discursos já conhecemos de cor. Isso também está presente em toda a sociedade.
Os mesmos que dizem que ser professor é nobre são aqueles que não desejam que seus filhos ingressem num curso de Pedagogia ou numa licenciatura. Ou seja: é uma profissão nobre, porém exercida por coitados. Os mesmos que dizem que a Educação é prioridade são os primeiros a atirar pedras nos professores quando estes usam do seu direito legal de fazer greve para lutar por melhores salários e condições de trabalho. Quem realmente luta pelo ensino público de qualidade? Quantos pais comparecem às reuniões escolares? Quantos empresários investem em ações educativas? Quem realmente olha por nós?
A cruel regra que a sociedade impõe a nós professores é a de que devemos ser “nobres”, altamente competentes, garantirmos a qualidade do ensino e suportarmos todas as adversidades em nome do “amor ao ofício”. Sim, eu amo o que faço, não me vejo fazendo outra coisa, e por isso INVISTO na minha formação, sempre buscando o novo, me informando, lendo, assistindo, discutindo, comprando livros, assinando revistas, indo a congressos, fazendo pesquisa e, por essa razão, TENHO O DIREITO DE SER BEM REMUNERADO E O DEVER DE EXIGIR ISSO!
Se um auditor da Receita Federal, por exemplo, recebe mais de R$ 13.000,00 para exercer uma atividade repetitiva e burocrática que requer apenas um rápido treinamento, por que um professor doutor, que passou mais de 10 anos estudando – se considerarmos desde o seu ingresso no ensino superior – não pode ganhar o mesmo? Qual o critério de importância utilizado para se estipular os altos salários públicos? Por que os professores da Educação Básica devem sobreviver com péssimas condições e salários ridículos? Na minha opinião, um professor alfabetizador deveria ganhar tanto quanto um professor universitário. Por isso apoio todo tipo de movimento que lute neste sentido.
Quando nós professores entramos em greve, são necessários mais de 50, 60, 70 dias para que a sociedade comece a se preocupar. E as primeiras atitudes manifestadas são as de questionar o movimento, chamando-nos de mercenários. Poucos se viram para o governo em busca de respostas. Alguém já viu situação semelhante numa greve de bancários, de caminhoneiros, de policiais, de médicos? Não... E a razão disso? DESCASO COM A EDUCAÇÃO PÚBLICA.

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