quinta-feira, 18 de julho de 2013

O “professor doutor” e o “doutor que dá aulas”

Observando o comportamento de alguns "colegas" no ambiente de trabalho e me recordando dos tempos da faculdade, me peguei pensando sobre as diferenças de discurso e atitude entre o professor doutor e o que eu costumo denominar como "o doutor que dá aulas". Eu fico me perguntando o por quê de algumas pessoas terem ingressado na Educação, uma vez que a ignoram totalmente em suas práticas. Cada vez que eu mergulho na construção da minha tese de doutorado, eu sei que a mesma não será o fim da minha trajetória, mas apenas o começo de uma jornada de muitas pesquisas. Ao mesmo tempo, percebo pessoas que simplesmente param no tempo após obterem o título e fazem dele apenas instrumento de status.
Por essa razão, rascunhei algumas diferenças que considero entre o "professor doutor" e o "doutor que dá aulas" e me empenho fortemente a futuramente fazer parte da primeira categoria.
Então vamos lá:


  • O professor doutor faz da sua prática docente fonte de inspiração para o estabelecimento de novas perguntas e consequente construção de novos conhecimentos.
  • O doutor que dá aulas considera as aulas um entrave para suas pesquisas.
  • O professor doutor trabalha com e para os seus estudantes, inserindo-os ao máximo na vivência inicial da atividade científica.
  • O doutor que dá aulas considera os alunos incapazes de fazer jus ao seu nível acadêmico.
  • O professor doutor cresce junto com seus estudantes.
  • O doutor que dá aulas tem medo de “sujar o seu nome” orientando os estudantes e só o faz quando é obrigado.
  • O professor doutor sempre diz “meus orientandos e eu”.
  • O doutor que dá aulas diz “eu e meus orientandos”.
  • O professor doutor sabe que a sua tese foi apenas a primeira de muitas pesquisas.
  • O doutor que dá aulas faz da sua tese um objeto a ser compulsoriamente adorado pelos seus alunos e só sabe falar dela (quando sabe).
  • O professor doutor valoriza o seu título pelas possibilidades de atuação docente e científica que o mesmo lhe proporciona.
  • O doutor que dá aulas só sabe gritar aos quatro cantos que é doutor (como se alguém estivesse interessado em saber).
  • O professor doutor sabe que, antes de tudo, ele é professor e importante ator da Educação.
  • O doutor que dá aulas menospreza as discussões da Educação e se considera superior a ela.
  • O professor doutor trabalha com os conteúdos e sabe que os mesmos são inacabados.
  • O doutor que dá aulas é escravo dos conteúdos “embalados e etiquetados”.
  • O professor doutor quer ensinar.
  • O doutor que dá aulas quer cargos que o afaste do ensino e lhe dê status.
  • O professor doutor ama o que faz.
  • O doutor que dá aulas só sabe reclamar do que faz.
  • O professor doutor luta por melhorias, mas busca alternativas com o que tem em mãos.
  • O doutor que dá aulas apenas enxerga as limitações e as usa como desculpa para não fazer o mínimo necessário.
  • O professor doutor enxerga os colegas como iguais.
  • O doutor que dá aulas olha para os demais como “seres inferiores”.
  • O professor doutor se alegra ao ver colegas ingressando na carreira acadêmica e procura sempre motivá-los e aconselhá-los.
  • O doutor que dá aulas considera todos a sua volta “concorrentes em potencial” e faz do boicote e do desprezo a sua “arma contra os inimigos”.
  • O professor doutor trabalha para a Educação.
  • O doutor que dá aulas está na Educação por não ter encontrado “coisa melhor”.
  • O professor doutor sempre se apresenta como professor.
  • O doutor que dá aulas só se considera doutor.
  • O professor doutor é um doutor de verdade.
  • O doutor que dá aulas é apenas um "pobre diabo" com um diploma na parede.
Leitura complementar: Sobre a vaidade no campo acadêmico

Um comentário: